terça-feira, 11 de novembro de 2008

Namorando Modelos

Tem coisas que são tão trágicas que o jeito é dar umas risadas. Sei que muitos já disseram, outros escreveram isso. Sábios eles são. Esse tipo de coisa deve acontecer o tempo todo com alguém, com muitos alguéns, inclusive comigo. Mas não é sempre que se tem a prontidão e a capacidade de se ausentar do problema para realmente dar umas risadas.
Eu estava saindo com uma moça que já conhecia a anos mas que só tive coragem de sair com ela a pouco tempo. Meu irmão sempre me pergunta como ela é e eu sempre respondo com as únicas palavras que me vêem à cabeça: parece uma modelo. E parece mesmo. Alta, esguia, com um rosto agradável cheio de sardas. Fazia uma ou duas semanas que nós estávamos nos vendo. Vendo em termos, era mais por telefone que era feita toda a conversa e mesmo assim era pouca por falta de tempo. Foi em uma Sexta feira que eu saí com meu irmão que tive a última notícia dela. Chamei ela para ir junto, ela estava cansada demais e pediu desculpas. O cartão telefônico acabou mas antes deu tempo de eu me despedir. No dia seguinte liguei à noite para ela, aquelas carícias e agrados de namorado ou candidato a namorado mas ela não estava, tinha ido viajar. Ela nunca tinha me falado desta viagem então eu estranhei. Domingo a noite liguei novamente e nada.
Naquele Domingo, junto com a leve depressão que acompanha o fim do fim de semana me veio o medo. Algo me dizia que tinha acabado. Pelo menos para isso minha intuição serve, para me avisar de antemão que estou prestes a levar um fora e me deixar angustiado até realmente levar o fora.
Intervalo de aula e eu no fim da fila para usar o telefone público. Aquela que seria a última ligação, já trágica por antecedência. A mãe dela atendeu.
- Boa noite, a Jenifer está ?
- A Jenifer casou.
Meio dúzia de clichês diferentes tomaram conta do meu corpo: faltou ar, faltou chão, faltou tudo. Casou ? Nem mesmo minha intuição sádica me preparou para algo como aquilo. Alguns dias antes eu estava junto dela, beijando e trocando carícias, pensando em como conseguir dinheiro para a aliança de compromisso e agora ela esta casada? Algo devia estar errado. A senhora, mãe da Jenifer, uma senhora com o “r” arrastado, do campo, deve ter uma idéia diferente da minha. Será que ela simplesmente saiu de casa em um momento de raiva e foi morar com uma amiga, irmã, amigo ou ela realmente saiu de casa com um homem a tiracolo e foi morar com ele. Perguntas jorravam na minha mente. Como assim, casou ?
- Como assim casou ?
- Foi contra minha vontade, ela saiu de casa. Eu tentei segurar ela mas não pude fazer nada.
Logo depois ela ainda falou um “fazer o que” meio choroso, se despediu e desligou. Saí meio abatido do telefone. Tinha certeza que ela estava mentindo e que na verdade a Jenifer não queria me ver mais, idéia que todos me tiraram da cabeça com o argumento óbvio de que ninguém mentiria uma coisa dessas. Aquele foi o mais próximo de um namoro que tive. E com uma modelo, veja só. Me doía o peito durante a aula, não porque eu gostasse tanto dela, foi mais o choque. Casou ? Me contive para não ligar de volta, ainda me contenho, e perguntar que diabos foi aquilo tudo que aconteceu. Meu medo maior é que a própria Jenifer atenda e eu veja que o problema sou eu. Quando cheguei em casa as coisas estavam mais tranqüilas na minha cabeça. Depois de contar para alguns amigos e ouvir uns bons cinco minutos de risada comecei a rir eu também. E esse é o legal da dinâmica da vida. Uma hora você tem uma modelo na mão e dez minutos depois ela esta casada, e não com você! Só comigo mesmo.

3 comentários:

Anônimo disse...

só com você mesmo! a maior parte dos caras com quem eu fico se parece mais com calouros do raul gil. mas dez minutos depois eles sempre casam também.

Anônimo disse...

Ricardo!
Adoro suas histórias!!!
beijinhos
Helenice

Eliseu Raphael Venturi disse...

isto é verdade, ficção ou verossimilhança???? cruzes!!!!